terça-feira, 24 de abril de 2012

A síndrome do cachorro

Aqui em casa, temos um cachorro, o Josh. Um dachshund de dois anos, que é completamente louco pela minha mãe. Ela é a razão de sua vida, o objeto de seu mais profundo amor. A festa que ele faz quando meu pai, meu irmão ou eu chegamos em casa não é nada comparado àquela que ele faz quando minha mãe chega.

O cachorro é hiperativo, usando o termo atual para encapetado. Vive pulando nas nossas camas quando ninguém tá olhando, mijando no lugar errado, roubando as meias e correndo pela casa para que a gente o persiga. Isso sem contar com as notas de R$ 2 que ele já comeu (ainda bem que ele tem preferência pelas notas de mais baixo valor), uns 16 ou 18 reais. Ah, teve aquela vez que ele COMEU a minha passagem de ônibus pra Belo Horizonte. São (na maioria das vezes) pequenas travessuras, mas que, às vezes, irritam. E, sem hipocrisia, chamamos atenção dele, e as vezes damos tapinhas nele. Nada de surras, nem nada disso, mas (os psicólogos e moralistas vão me matar agora) um tapinha às vezes não mata ninguém.

Bem, às vezes, minha mãe fica realmente irritada com o cachorro e ele reage a isso, de uma forma triste. Mas, se, em cinco minutos, minha mãe fizer um carinho no Josh, ele corresponde todo feliz, com rabinho abanando e o amor de sempre. Eu vejo essa mesma reação em muita gente (especialmente em homens). E dei um nome para ela: Síndrome do Cachorro.

O amor é algo bem legal, mas quando é correspondido. Quando isso não acontece, as chances de surgir a Síndrome do Cachorro são gigantescas. De um lado, o amante não correspondido, movendo mundos e fundos pela pessoa amada. De outro lado, a pessoa amada. Por mais que se preocupe ou tenha carinho pela pessoa que a ama, não é presa sentimentalmente a ele. E, por isso, acaba fazendo coisas que podem magoá-lo. Aí que está o grande problema. O amante, digamos assim, por mais que fique magoado com a ação da pessoa amada, vai perdoá-la e voltar com o "rabinho abanando" assim que surgir a oportunidade. E essa brincadeira vai continuar se repetindo indefinidamente.

Não, esse texto não é uma crítica àquelas pessoas que sofrem da Síndrome do Cachorro. Elas não fazem isso porque querem, simplesmente fazem. Tampouco é uma crítica àquelas que acabam magoando quem as amam. Aliás, que não magoam porque querem. É chato? É. Mas, às vezes, é preciso dar um chega pra lá. É diferente daquelas pessoas que, deliberadamente, magoam a pessoa que as ama, por algum motivo mórbido (para não dizer escroto).

Mas, independentemente do motivo, existe um problema nessa relação: O perdão. A pessoa que ama, sempre vai perdoar a amada. Não importa o que ela faça, vai perdoar. E isso dá uma tranquilidade para a pessoa amada. É inconsciente na maioria das vezes, mas não deixa de ser prejudicial. Ninguém gosta de ser escrotizado, especialmente pela pessoa amada. 

Como eu disse lá em cima, isso é mais comum entre homens do que mulheres. Por que? Sei lá, mas é. Pega, por exemplo, músicas de dor de corno. Em 80% dos casos, são cantadas por... homens! Mulheres, quando fazem músicas de amor, ou são dizendo como é bom estar com a pessoa amada, como sentem falta da pessoa amada ou como o cara é escroto e precisa valorizá-la para estar com ela. Já músicas do tipo "você me largou e estou aqui no fundo do poço. Por favor, volte para mim ou ao menos finja que gosta de mim" são, na maioria das vezes, cantadas por homens. Por que? Não faço ideia. Mas são.

Qual é a solução para isso? A resposta fácil é "se dar mais valor e mandar a pessoa ir se f...". Mas não é fácil assim. Se fosse, textos como esse não fariam o menor sentido. É uma sina, algo que precisamos passar por sermos nice guys ou nice girls. E assim caminha a humanidade.



Um comentário:

Jonas Drumond disse...

de seu coração a um cachorro e ele dará dela.