sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Seguro de vida

Essa é uma daquelas verdades escrotas, mas que precisam ser ditas.

Acabei de receber uma ligação do meu banco, que começou com a seguinte pergunta: "O que você faria com 200 mil reais?"

Tal qual o Zeca Urubu, do Picapau, pensei em carros, mulheres, iates, mulheres, viagens, mulheres... mas, atordoado pela pergunta, disse "depositaria uma parte na poupança, viajaria, sei lá". Aí a moça, do outro lado da linha, veio me oferecer um seguro de vida do banco, onde eu concorreria a um prêmio de 200 mil reais, mas teria de pagar uma bagatela de 33 reais e uns quebrados por mês.

Gente, eu sou pão duro um estagiário de Jornalismo. Recebo uma bolsa que está bem na média do que estagiários recebem (não, chefes, não estou reclamando da bolsa) e moro na 10ª cidade mais cara do mundo! Eu, com 23 anos, uma mínima vida social e morando na 10ª cidade mais cara do mundo tenho um orçamento bem apertado. Não tenho grana pra ficar pagando ainda mais taxas pro meu banco!

Falei isso com ela e ela me disse que, se eu morresse (?), meus pais receberiam o meu seguro de vida.

Assim, sem querer parecer egoísta, mas mesmo com meus pais recebendo uma grana, não estou muito afim de me imaginar morrendo. E pedir pro cliente imaginar sua própria morte, não é uma forma legal de se vender algo. Mesmo um seguro de vida! Ainda mais quando seu cliente tem 23 anos e a última coisa que ele quer pensar é na própria morte. Continuei recusando o seguro.

Depois de mais alguma insistência, a moça decidiu parar de vender o seguro. Agradeceu, desligou o telefone e fui ao chat do Facebook, contar para a Tássia (que já escreveu aqui, e que está lançando seu blog) o que tinha acontecido. Enquanto contava pra ela, fui meio que construindo uma linha de raciocínio.

Se eu estivesse trabalhando de verdade, fosse casado e tivesse filhos, um seguro de vida faria mais sentido. Afinal, eu teria contas a pagar e haveriam mais pessoas dependendo de mim, mesmo com minha esposa trabalhando. Meus parentes receberem um dinheiro para se manterem na minha ausência é bem coerente.

Mas, estou na seca solteiro. Por enquanto, é mais fácil uma vaca tossir não vejo a mais remota possibilidade de eu me casar, nem de ter pessoas dependentes de mim. Então um seguro de vida pra mim não faz o menor sentido! OK, uma grana entrando na conta é sempre bem vinda, mas assim espero, meus pais preferem eu vivo a um dinheiro entrando na conta deles!

Isso sem contar que, na minha falta, as despesas em casa vão cair. Menos gastos com água, luz, alimentação e transportes... Transportes não, tenho vale-transporte. Bem, mas as despesas já vão cair.

Tá, deixa eu parar por aqui, porque o texto está sarcástico demais!

Então, moça do seguro, é por isso que, por enquanto não estou interessado em pagar a taxa de 33 reais em seguro de vida agora. Mesmo concorrendo a uma bolada de 200 mil reais, que posso gastar com carros, mulheres, viagens, mulheres, iates, mulheres...

Bem, é isso!

Correção: Não é o Zeca Urubu! É esse gato cujo nome eu não sei!